Esta reação sublinha um momento crítico nas relações transatlânticas, com a Europa a tentar afirmar a sua autonomia estratégica.

Perante a divulgação de um plano de 28 pontos, negociado entre Washington e Moscovo sem a sua participação, os líderes europeus expressaram forte preocupação.

O plano norte-americano, visto como uma "capitulação" ou "catástrofe" para a Ucrânia, previa concessões significativas por parte de Kiev, como a cedência de territórios no Donbass, uma redução substancial do seu exército e a renúncia à adesão à NATO.

Em resposta, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que os três princípios fundamentais para uma paz justa passam por garantir que as fronteiras "não podem ser alteradas pela força", que não podem existir "limitações às forças armadas da Ucrânia" que a deixem vulnerável e que "a centralidade da UE na garantia da paz para a Ucrânia deve ser plenamente considerada". A Alta Representante para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, reforçou esta posição, declarando que "a pressão tem de estar no agressor, não na vítima".

A resposta europeia materializou-se numa contraproposta, redigida por França, Alemanha e Reino Unido, que rejeita limites ao exército ucraniano, condiciona a adesão à NATO a um consenso na aliança e exige que a Ucrânia seja compensada financeiramente através de ativos soberanos russos.

A coordenação diplomática intensificou-se com reuniões em Genebra e encontros à margem das cimeiras do G20 e UE-União Africana, onde o Presidente do Conselho Europeu, António Costa, convocou os 27 líderes para uma reunião especial sobre o tema.