Face à crescente ameaça russa, a União Europeia e os seus Estados-membros estão a implementar uma reforma histórica das suas capacidades de defesa, marcada pelo primeiro Programa da Indústria de Defesa Europeia e por iniciativas nacionais como o novo serviço militar voluntário em França. O Parlamento Europeu aprovou o regulamento que cria o primeiro Programa da Indústria de Defesa Europeia, dotado de um orçamento de 1,5 mil milhões de euros, com o objetivo de reforçar a base tecnológica e industrial de defesa do bloco e promover a contratação pública conjunta. Deste montante, 300 milhões de euros serão destinados a um instrumento de apoio à modernização da indústria de defesa da Ucrânia. A nível nacional, a França anunciou, através do Presidente Emmanuel Macron, a criação de um serviço militar voluntário de dez meses, que arrancará no próximo verão e visa atingir 50 mil participantes até 2035.
Macron justificou a medida com a necessidade de não mostrar "fraqueza" perante a Rússia.
Na mesma linha, o chanceler alemão, Friedrich Merz, instou a Alemanha e a Europa a assumirem uma "liderança económica e militar", com o objetivo de construir o exército mais forte do continente. A Alemanha está a avançar com uma reforma do recrutamento para aumentar o número de militares ativos para 260 mil até 2035. Estas iniciativas surgem num contexto em que líderes militares e políticos alertam para a possibilidade de um confronto direto com a Rússia nos próximos anos.
Em resumoA UE está a realizar uma viragem estratégica significativa em matéria de defesa, procurando maior autonomia e capacidade industrial. A combinação de um programa de defesa a nível da UE com ambiciosas reformas militares nacionais em potências como a França e a Alemanha assinala um esforço coletivo para construir um pilar de defesa europeu credível, em resposta direta à agressão russa e à reconfiguração da segurança global.