Após 25 anos de negociações, o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul está prestes a ser assinado, mas enfrenta a oposição crucial da França, que exige "cláusulas de salvaguarda robustas" para proteger o seu setor agrícola. O Presidente brasileiro, Lula da Silva, anunciou que o tratado será assinado a 20 de dezembro, um marco que criaria um dos maiores mercados do mundo, com 780 milhões de pessoas. No entanto, a ratificação do pacto, que necessita da aprovação de todos os Estados-membros da UE, está ameaçada pela posição de Paris. O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, numa reunião à margem do G20, reiterou ao seu homólogo argentino a necessidade de uma cláusula de salvaguarda forte.
Este mecanismo legal permitiria à UE limitar temporariamente a importação de produtos específicos, caso estes causem danos a um setor europeu.
A principal preocupação francesa reside no setor agrícola, com os sindicatos a temerem a concorrência de produtos como a carne bovina, aves e açúcar do Brasil e da Argentina.
Embora o Presidente Macron tenha mostrado alguma abertura, o governo francês considerou o acordo, na sua redação atual, como "inaceitável".
A Comissão Europeia, que assinou o acordo em dezembro de 2024, já apresentou medidas para proteger os produtos agrícolas mais sensíveis, mas a resistência francesa continua a ser o principal obstáculo.
Em resumoO acordo UE-Mercosul encontra-se numa fase crítica, com a iminência da sua assinatura a colidir com os interesses nacionais de Estados-membros influentes. A exigência da França por maiores proteções agrícolas evidencia a dificuldade da UE em conciliar a sua ambiciosa agenda comercial global com as pressões políticas e económicas internas, colocando em risco um acordo de décadas.