Líderes europeus, incluindo presidentes de instituições e chefes de Estado, alertam que um acordo alcançado sem o seu envolvimento direto poderá comprometer a soberania ucraniana e a futura arquitetura de segurança europeia. A marginalização da UE no processo diplomático tornou-se um tema central, com figuras de topo a expressarem publicamente o seu descontentamento. A Alta Representante da UE para a Política de Segurança, Kaja Kallas, expressou o receio de que, na ausência da Europa, a pressão recaia sobre a parte mais fraca. "Tenho o receio de que toda a pressão venha a ser exercida sobre o lado mais fraco, uma vez que a rendição da Ucrânia é a maneira mais fácil de acabar com esta guerra", alertou. Esta visão é partilhada pela Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo Presidente do Conselho Europeu, António Costa, que criticaram a decisão de Washington de excluir o bloco. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi categórico ao afirmar que aspetos cruciais como os ativos russos congelados, as garantias de segurança e a adesão da Ucrânia à UE "só poderão ser finalizados com os europeus sentados à mesa".
A proposta inicial de 28 pontos apresentada pela administração Trump foi vista por muitas diplomacias europeias como excessivamente favorável a Moscovo, o que levou a uma concertação de esforços entre europeus e ucranianos para rever o documento.
A situação revela um paradoxo para a UE: apesar de ser o principal financiador do apoio à Ucrânia, o seu peso político nas negociações parece secundário, evidenciando os desafios à sua ambição de autonomia estratégica num conflito que decorre nas suas próprias fronteiras.














