A percepção em Bruxelas é que as decisões cruciais sobre a arquitetura de segurança do continente estão a ser tomadas sem a sua participação, o que levanta receios de que um acordo possa ser alcançado à custa dos interesses europeus e da soberania ucraniana.

A alta representante da UE para a Política de Segurança, Kaja Kallas, considerou a semana “crucial para a diplomacia”, mas lamentou a ausência do bloco nas conversações diretas.

“Os ucranianos estão lá sozinhos [nas reuniões com Washington], se estivessem connosco estariam numa posição mais forte”, afirmou, temendo que “toda a pressão venha a ser exercida sobre o lado mais fraco”.

Esta visão é partilhada por outros líderes, como o Presidente francês, Emmanuel Macron, que defendeu que um plano de paz só pode ser “finalizado” com a Ucrânia e os europeus “sentados à mesa”. A crítica europeia centra-se no plano inicial de 28 pontos proposto pela administração Trump, que continha várias “linhas vermelhas” para a UE, como a cedência de territórios ucranianos e a limitação das suas forças armadas. Embora o plano tenha sido revisto após consultas em Genebra, a sensação de que a Europa se tornou um “ator secundário” persiste. A ausência do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, numa reunião ministerial da NATO, e as declarações de Vladimir Putin, que acusa os europeus de “bloquear todo o processo de paz” com exigências “inadmissíveis”, reforçam a percepção de que a UE está a ser contornada nas decisões que mais diretamente a afetam.