A União Europeia e o Canadá concluíram com sucesso as negociações para a participação canadiana no programa europeu de apoio à indústria de defesa (SAFE), um instrumento com um orçamento de 150 mil milhões de euros. O acordo representa um passo significativo na cooperação transatlântica em matéria de segurança e defesa, num momento em que a UE procura fortalecer a sua base industrial e reduzir a dependência dos Estados Unidos. Numa declaração conjunta, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, saudaram a conclusão das negociações, sublinhando que o programa SAFE “fortalecerá a base industrial de defesa da Europa através de compras conjuntas que beneficiarão todos os países participantes”.
O programa visa fornecer aos Estados-membros empréstimos em condições favoráveis para a aquisição conjunta de armamento, incentivando a colaboração e a interoperabilidade.
Uma das condições é que os projetos incluam pelo menos 65% de componentes produzidos na UE, embora exceções possam ser concedidas a países parceiros como o Canadá.
Este acordo com Otava surge num contexto geopolítico marcado pela ameaça russa e contrasta com o fracasso das negociações com o Reino Unido.
Bruxelas e Londres não conseguiram chegar a um entendimento sobre a taxa de candidatura que as empresas britânicas teriam de pagar para participar nos concursos do programa. A adesão do Canadá é, assim, vista como um sucesso para a diplomacia europeia e um reforço da sua estratégia de autonomia no setor da defesa, diversificando as suas parcerias para além dos aliados tradicionais.
Em resumoO acordo para a participação do Canadá no programa de defesa SAFE da UE assinala um fortalecimento estratégico da cooperação transatlântica, alinhado com o objetivo europeu de desenvolver uma indústria de defesa mais robusta e autónoma. A parceria com o Canadá, um aliado da NATO, diversifica as fontes de colaboração industrial e tecnológica, contrastando com o impasse nas negociações com o Reino Unido. Esta iniciativa reforça a capacidade da UE para promover a aquisição conjunta de armamento e mitigar a sua dependência externa em matéria de segurança.