A Alemanha está a redefinir a sua postura de defesa face a uma crescente percepção de ameaça por parte da Rússia, desenvolvendo um plano de guerra detalhado, conhecido como OPLAN DEU (Operação Alemanha). A iniciativa surge no seguimento de alertas dos serviços de inteligência militar alemães, que consideram que a Rússia poderá ter capacidade para atacar um membro da NATO até 2029, alterando radicalmente o panorama de segurança europeu. O plano ultrassecreto, com 1.400 páginas, define a resposta do país em caso de um conflito de larga escala na Europa, assumindo que a Alemanha funcionará como um corredor logístico crucial para as forças da NATO. A estratégia prevê o trânsito de 800 mil militares da Aliança e 200 mil veículos através do território alemão num período de seis meses, uma operação de dimensão massiva que exigiria a mobilização de setores civis e a imposição de restrições significativas à população. A Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs, alerta para a necessidade de reforçar a resiliência nacional, desde a reorganização da economia até à obrigatoriedade de trabalho em setores críticos.
O documento identifica a Rússia como a “maior ameaça atual à estabilidade do continente” e interpreta atividades como sobrevoos de drones, espionagem e ciberataques como sinais de preparação russa para futuras ações militares.
A preocupação é partilhada por outros países europeus, que também aumentaram os seus gastos em defesa.
O desenvolvimento do OPLAN DEU evidencia uma mudança de paradigma em Berlim, que procura recuperar o atraso na sua capacidade militar e garantir uma dissuasão credível num ambiente geopolítico cada vez mais instável.
Em resumoO desenvolvimento do plano de guerra OPLAN DEU pela Alemanha sinaliza uma mudança histórica na sua política de segurança, motivada pela percepção de uma ameaça russa direta à NATO. Este esforço reflete a crescente preocupação na Europa sobre a necessidade de reforçar as capacidades de defesa e a resiliência nacional. A iniciativa alemã, focada na logística e na mobilização civil, destaca a seriedade com que a maior economia da UE encara a possibilidade de um conflito em larga escala, marcando o fim de uma era de desinvestimento militar pós-Guerra Fria.