Esta ofensiva diplomática de Washington testa a resiliência da aliança transatlântica e força a UE a reavaliar a sua relação com o seu tradicional maior aliado. A nova doutrina norte-americana, descrita como um documento "muito aguardado" que formaliza a ofensiva de Washington, retrata a Europa como uma "força decadente e em perigo de extinção nos próximos 20 anos". Esta visão provocou uma resposta contundente de António Costa, que declarou: "O que não podemos aceitar é esta ameaça de interferência na vida política da Europa".

O presidente do Conselho Europeu salientou que "os Estados Unidos не podem substituir os cidadãos europeus na escolha de quais são os bons partidos e os maus partidos".

A reação dos líderes europeus, no entanto, não foi unânime.

A chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, adotou uma postura mais conciliadora, insistindo que, apesar das divergências, "os Estados Unidos continuam a ser o nosso maior aliado".

Esta dualidade de respostas reflete a profunda incerteza que a nova política de Washington instilou em Bruxelas. Analistas consideram a estratégia americana um "grande abanão" e uma "enorme chamada de atenção para a Europa", com alguns a afirmar que os EUA, sob a liderança de Trump, "não estão nem nunca vão estar alinhados com a Europa" e estão "bastante interessados em destruir o projeto europeu".

A perceção é que Washington já não se vê como um aliado, mas sim como uma potência que, embora desinteressada em defender o continente, quer continuar a ditar as suas regras.