A iniciativa, que visa garantir o financiamento de Kiev para 2026 e 2027, enfrenta, no entanto, a oposição da Bélgica e levanta complexas questões jurídicas e financeiras. A Comissão Europeia propôs formalmente a criação de um empréstimo de reparações, que seria financiado através de empréstimos contraídos junto de instituições financeiras que detêm os 210 mil milhões de euros em ativos do Banco Central russo imobilizados na UE. Este mecanismo permitiria mobilizar cerca de 90 mil milhões de euros para cobrir dois terços das necessidades financeiras da Ucrânia nos próximos dois anos.
A proposta surge num momento crítico, com o financiamento a Kiev a esgotar-se na primavera de 2026.
O Presidente do Conselho Europeu, António Costa, mostrou-se otimista, afirmando que a UE está "muito perto de obter uma solução".
Contudo, o plano enfrenta um obstáculo significativo: a Bélgica.
Sendo o país onde se encontra a maior parte dos ativos, através da câmara de compensação Euroclear, o governo belga teme as consequências jurídicas e financeiras, incluindo retaliações por parte de Moscovo e um potencial risco para a sua reputação como centro financeiro.
Bruxelas tentou mitigar estas preocupações, propondo um "mecanismo de solidariedade" com garantias dos restantes Estados-membros, mas a Bélgica mantém-se reticente.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, também expressou reservas, alertando que dar cobertura a tal empréstimo poderia violar os tratados da UE e ameaçar a estabilidade do euro. Como alternativa, a Comissão apresentou um crédito de menor dimensão, assente no orçamento da UE, que exigiria unanimidade, ao contrário do empréstimo de reparações, que necessita apenas de maioria qualificada. A decisão final é esperada na cimeira de líderes da UE a 18 de dezembro, que se afigura decisiva para o futuro do apoio europeu à Ucrânia.














