O próprio Donald Trump tem descrito o processo contra o seu aliado político como uma “caça às bruxas”, ecoando a sua defesa de Benjamin Netanyahu em Israel. A decisão de aplicar tarifas punitivas ao Brasil, um importante parceiro comercial, foi justificada pela administração Trump como uma resposta à prisão domiciliária de Jair Bolsonaro, ordenada pelo Supremo Tribunal brasileiro. O governo dos EUA considera o processo contra Bolsonaro, acusado de planear impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, como politicamente motivado. Esta interferência na política interna brasileira foi recebida com forte repúdio pelo governo de Lula.

O embaixador do Brasil em Lisboa, Raimundo Carreiro, alertou que, se não houver um tratamento mais equilibrado, poderá haver “maior pressão no Brasil para restabelecer a reciprocidade”, um princípio basilar da sua política migratória.

O governo brasileiro considera que as ações de Trump representam um “novo ataque frontal à soberania” do país e tem manifestado a sua preocupação através dos canais diplomáticos. Analistas sugerem que o “tarifaço” de Trump, além de ser uma forma de pressão política, também serve para reforçar a sua imagem de defensor de líderes conservadores globais, ao mesmo tempo que testa a resposta do governo brasileiro e das instituições democráticas do país.