A ação, que Cook contesta em tribunal, levanta sérias preocupações sobre a independência do banco central norte-americano e o futuro da política monetária do país.

Num ato inédito nos 112 anos de história da instituição, Donald Trump anunciou a demissão de Lisa Cook através de uma carta publicada na sua rede social, Truth Social. A justificação apresentada foi a alegação de que Cook teria cometido fraude num empréstimo imobiliário pessoal em 2021, antes de ser nomeada para o conselho da Fed. Cook, a primeira mulher afro-americana a ocupar o cargo, respondeu prontamente, afirmando que não se demitirá e que o presidente "não tem autoridade" para a remover do cargo, prometendo tomar "todas as ações para travar a ação ilegal" de Trump. O caso escalou rapidamente para os tribunais, com a governadora a processar a administração para anular a tentativa de destituição.

Analistas e opositores políticos veem esta medida como um ataque direto à autonomia da Reserva Federal, inserido numa estratégia mais ampla de Trump para pressionar o banco central a baixar as taxas de juro e, assim, estimular a economia. A senadora democrata Elizabeth Warren acusou o presidente de procurar um "bode expiatório para cobrir as suas próprias falhas em reduzir o custo de vida dos americanos". A nomeação recente de Stephen Miran, um homem da sua confiança, para o conselho da Fed, após a demissão de outra governadora, reforça a perceção de que Trump pretende aumentar o seu controlo sobre a instituição.