A situação gerou alertas internacionais e uma batalha judicial que pode redefinir o equilíbrio de poderes na economia americana.

A ofensiva de Donald Trump para controlar a política monetária intensificou-se com a tentativa de demitir Lisa Cook, governadora da Fed, acusando-a de fraude num empréstimo imobiliário. Esta ação, inédita nos 112 anos de história da instituição, foi recebida com forte resistência.

Cook respondeu publicamente, afirmando “Não me demito”, e iniciou um processo judicial contra a administração, argumentando que o presidente “não tem autoridade” para a remover do cargo.

A manobra é vista como uma tentativa de Trump de substituir Cook por alguém “próximo da Casa Branca” e obter o controlo do conselho de governadores, após meses a criticar o presidente da Fed, Jerome Powell, por não cortar as taxas de juro. A situação alarmou figuras internacionais como Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, que classificou a tentativa de controlo como um “perigo muito sério para a economia dos EUA e mundial”. Lagarde expressou confiança no Supremo Tribunal dos EUA, que já indicou que “um governador da Fed só pode ser despedido em caso de cometer uma infração grave”.

Analistas económicos e juristas partilham desta preocupação, com Peter Conti-Brown, da Universidade da Pensilvânia, a afirmar que, se Trump for bem-sucedido, tal significará o “fim da independência do banco central”.

A nomeação recente de Stephen Miran, um homem de confiança de Trump, para outra vaga no conselho, é vista como mais um passo para consolidar a sua influência sobre a instituição.