Esta intervenção direta nos assuntos judiciais de um país soberano marcou um ponto alto na aliança ideológica entre Trump e Bolsonaro.\n\nApós a condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por crimes como tentativa de golpe de Estado, o Presidente Trump afirmou estar “surpreso” e descreveu o seu aliado como um “bom homem”. A sua administração foi mais longe: o Secretário de Estado, Marco Rubio, denunciou o que chamou de “perseguição política liderada por Alexandre de Moraes” e avisou que “os Estados Unidos responderão em conformidade a esta caça às bruxas”.

As ameaças não foram apenas verbais.

A Casa Branca já tinha imposto uma tarifa de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros como forma de pressão e sancionou o juiz Alexandre de Moraes, proibindo a sua entrada nos EUA. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, chegou a admitir o uso do “poderio económico e militar dos EUA para proteger a liberdade de expressão no mundo”.

O governo brasileiro reagiu, afirmando que “não se intimidará” e que defenderá a sua soberania “face a agressões e tentativas de interferência”.

O Presidente Lula da Silva, numa cimeira dos BRICS, denunciou a “chantagem tarifária” dos EUA como um “instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”.

Analistas consideraram a ameaça militar da Casa Branca “incompreensível” e “sem estratégia”, mas reconheceram o potencial desestabilizador da intervenção norte-americana.