John Bolton, que serviu como Conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, foi formalmente acusado de 18 crimes federais, incluindo a transmissão e retenção de informações de defesa nacional. O caso rapidamente se tornou um ponto de inflamação política, com Bolton a afirmar ser alvo de uma retaliação por parte de um Presidente que procura “intimidar” os seus opositores.\n\nA acusação, apresentada por um grande júri em Maryland, alega que Bolton partilhou “mais de mil páginas” de entradas de diário contendo informações classificadas, algumas ao nível de “ultrassecreto”, com dois familiares não autorizados, utilizando contas de e-mail pessoais. Adicionalmente, é acusado de ter armazenado cópias impressas destes documentos na sua residência.
A reação de Bolton foi imediata e desafiadora, declarando-se “o mais recente alvo da instrumentalização do Departamento de Justiça para acusar aqueles que [Trump] considera seus inimigos”.
O seu advogado reforçou esta posição, afirmando que “os factos subjacentes a este caso foram investigados e resolvidos há anos”.
O caso ganha maior dimensão por ser o terceiro, em poucas semanas, a visar críticos de Trump, depois do ex-diretor do FBI, James Comey, e da procuradora de Nova Iorque, Letitia James.
Esta sequência de acusações alimenta a narrativa de que a administração está a usar o sistema judicial como arma política.
Quando questionado sobre a acusação, Trump distanciou-se do processo legal, mas não deixou de atacar o seu antigo conselheiro, afirmando: “Ele é uma má pessoa”. A relação entre os dois deteriorou-se após a saída de Bolton da Casa Branca em 2019 e a publicação do seu livro crítico sobre a administração.
Em resumoA acusação contra John Bolton por manuseamento indevido de informações classificadas transcendeu a esfera legal, tornando-se um símbolo da profunda polarização política. Enquanto Bolton se apresenta como vítima de perseguição política, a administração Trump insiste na aplicação da lei, num confronto que expõe as fraturas entre o Presidente e os seus antigos altos funcionários.