A administração federal dos Estados Unidos entrou na sua terceira semana de paralisação parcial (‘shutdown’) devido a um impasse orçamental no Congresso, com graves consequências para os serviços públicos e a economia. A disputa centra-se no financiamento de programas de saúde, com a administração Trump a utilizar a crise para pressionar os democratas e avançar com uma agenda de redução da força de trabalho federal. O bloqueio legislativo, que já levou o Senado a chumbar por oito vezes uma proposta de financiamento temporário, obrigou centenas de milhares de funcionários públicos a uma licença não remunerada e resultou no despedimento de, pelo menos, 4.000 trabalhadores.
A situação levou ao encerramento de instituições emblemáticas em Washington, como os museus da Smithsonian Institution e o Jardim Zoológico Nacional.
O impasse decorre da exigência dos democratas de que qualquer acordo orçamental garanta a manutenção de créditos fiscais para seguros de saúde no âmbito do Affordable Care Act (Obamacare). Os republicanos, por sua vez, acusam os democratas de quererem expandir os serviços de saúde a imigrantes indocumentados e recusam-se a negociar antes de o governo ser reaberto.
A administração Trump tem aproveitado a paralisação para efetuar cortes, com o Presidente a ameaçar eliminar programas que descreve como “ultrajantes e semicomunistas”.
A situação levou sindicatos a recorrerem aos tribunais, tendo um juiz federal em São Francisco emitido uma ordem temporária para suspender as demissões, considerando que o governo agia de forma arbitrária e que o “custo humano não pode ser tolerado”.
O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, alertou que esta poderá tornar-se a paralisação mais longa da história dos EUA.
Em resumoA paralisação do governo federal, motivada por um conflito sobre o financiamento da saúde, está a causar perturbações significativas nos serviços públicos e na vida de milhares de funcionários. A crise reflete a profunda divisão política em Washington e a estratégia da administração Trump de usar o impasse para forçar concessões e reduzir o aparelho de Estado, apesar dos desafios legais.