A estratégia da administração tem visado universidades, o sistema judicial e opositores políticos, num ambiente que o ex-presidente Barack Obama descreveu como "bastante sombrio".
A promessa de restaurar "a autoridade do Estado" materializou-se num programa de controlo sobre diversas instituições. Um exemplo citado é o da Universidade da Califórnia, alvo de investigações federais e de uma exigência de 1,2 mil milhões de dólares para encerrar acusações de antissemitismo, acompanhada de um pedido de listas de estudantes e professores críticos do governo.
Judith Butler, professora em Berkeley, afirmou: "O que se exige não é transparência, é submissão".
A pressão estendeu-se ao setor jurídico, com grandes escritórios de advogados, como a Paul, Weiss, a aceitarem fornecer serviços pro bono ao governo após ameaças de sanções.
O analista jurídico Jeffrey Toobin denunciou que "o Presidente usa o medo económico como instrumento político".
O sistema de justiça também foi alvo de reestruturação, com a criação de uma unidade para investigar a administração anterior de Joe Biden e a procuradora-geral, Pam Bondi, a atuar como "uma extensão da vontade de Trump", segundo o analista Nuno Gouveia. Esta situação levou o professor de Harvard, Andrew Crespo, a alertar para a "erosão silenciosa do Estado de direito", explicando que "o autoritarismo americano não chega com tanques, chega com despachos administrativos".
Barack Obama acusou Trump de "imprudência, maldade e loucura", enquanto a oposição democrata, embora denuncie uma "limpeza institucional", é vista como enfraquecida e sem uma liderança coerente para capitalizar o descontentamento.
O sociólogo Steven Levitsky concluiu que "Trump compreendeu que já não precisa de fechar jornais - basta que as pessoas deixem de falar".














