Um grave problema de privacidade e segurança digital veio a público após várias utilizadoras da Vinted, uma popular aplicação de compra e venda de roupa em segunda mão, denunciarem que as suas fotografias estão a ser utilizadas indevidamente em sites pornográficos e grupos de Telegram. O caso expõe a vulnerabilidade dos utilizadores em plataformas de economia partilhada e levanta questões sobre a responsabilidade das empresas na proteção de dados. As denúncias, que ganharam visibilidade através de testemunhos como o da jovem alemã Mina, de 22 anos, revelam um padrão de apropriação e sexualização de imagens. As fotografias, publicadas pelas vendedoras para mostrar como as peças de roupa assentam, são recolhidas e republicadas em contextos pornográficos, onde as mulheres são falsamente apresentadas como “modelos eróticas” ou “estrelas do Only Fans”.
Investigações jornalísticas na Alemanha e no Reino Unido identificaram canais específicos, como “Raparigas da Vinted” no Telegram e o site “Vinted Sluts”, dedicados a esta prática.
Para além do uso indevido das imagens, as utilizadoras relatam receber mensagens de assédio na própria aplicação.
Em resposta, a Vinted afirmou ter uma “política de tolerância zero” contra este tipo de comportamento e aconselhou os utilizadores a não mostrarem o rosto nas fotos. Em Portugal, a disseminação não consensual de imagens íntimas tornou-se crime em 2023, punível com pena de prisão até cinco anos, o que confere um enquadramento legal para proteger as vítimas deste tipo de abuso digital.
Em resumoO escândalo de uso indevido de fotografias da Vinted expôs uma grave falha de segurança e privacidade no ambiente digital, alertando para os riscos da partilha de imagens pessoais online. O caso gerou um debate sobre a responsabilidade das plataformas e reforçou a necessidade de uma maior proteção legal e consciencialização dos utilizadores sobre os perigos da exploração de conteúdo não consensual.