O fenómeno assenta num ciclo de recompensa imediata que pode comprometer a saúde mental a longo prazo. A psicóloga Andreia Filipe Vieira, citada nos artigos, explica que "cada novo estímulo desencadeia pequenas descargas de dopamina, associadas à recompensa e ao prazer", criando um ciclo viciante.
Esta exposição contínua a conteúdos rápidos e sucessivos está a "treinar o cérebro para uma atenção dispersa", resultando numa menor tolerância ao silêncio, ao tédio e a tarefas que exigem foco prolongado.
As consequências estendem-se à memória, uma vez que a constante interrupção dificulta a consolidação de informação a curto prazo para a memória a longo prazo.
O impacto é particularmente preocupante nos adolescentes, cujos cérebros ainda estão a desenvolver áreas cruciais como o controlo de impulsos e a regulação emocional.
A necessidade constante de novidade, alimentada por estes estímulos, pode mesmo afetar a qualidade das relações interpessoais.
Em contraste com meios tradicionais como a televisão, que possuíam maior previsibilidade e pausas, as redes sociais oferecem um fluxo de conteúdo infinito e personalizado, aumentando o risco de sobrecarga mental. Para mitigar estes efeitos, a especialista sugere a implementação de limites de tempo, a desativação de notificações e a prática de atividades offline que fortaleçam a concentração, como a leitura ou trabalhos manuais, apontando os podcasts como uma alternativa mais positiva por exigirem um foco mais sustentado.