Nas últimas semanas, a costa portuguesa tem sido palco de vários incidentes envolvendo orcas que interagem com veleiros, danificando as embarcações e colocando-as em risco.

O caso mais recente ocorreu ao largo da Costa da Caparica, onde um veleiro de bandeira estrangeira teve de ser assistido pela GNR após sofrer embates no patilhão. Segundo Marina Sequeira, bióloga do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), este é "um comportamento novo" que parece ter começado com a "curiosidade" de orcas mais jovens. O que começou com um pequeno grupo de três orcas, agora envolve cerca de 20, sugerindo um processo de aprendizagem social. "Eram três, agora são 20.

Elas aprendem umas com as outras", afirma a especialista.

O fenómeno, que começou em 2020, tem sido monitorizado pelo Grupo de Trabalho Orcas Atlânticas (GTOA), que registou centenas de interações desde então.

Os especialistas teorizam que o comportamento pode ser uma forma de "jogo" para os animais mais jovens ou uma reação defensiva originada por um evento traumático com um barco, possivelmente envolvendo uma orca chamada White Gladis. Embora não haja registo de agressividade direta contra humanos, os danos nos lemes e patilhões das embarcações são frequentes, transformando o que começou como "um jogo" num "problema" para a navegação.