A controversa participação de Israel no Festival Eurovisão da Canção está a gerar uma onda de contestação por parte de várias estações de televisão públicas europeias, que ameaçam boicotar a edição de 2026. Em resposta à sua exclusão do mesmo evento, a Rússia relançou o seu próprio concurso, a Intervisão, num claro gesto de afirmação geopolítica através da cultura. A tensão em torno da presença israelita levou a RTP a alterar o regulamento do Festival da Canção, deixando de garantir ao vencedor a participação automática na Eurovisão. Esta medida preventiva surge na sequência de anúncios de um possível boicote por parte das televisões públicas de Espanha, Países Baixos, Irlanda e Eslovénia, caso a União Europeia de Radiodifusão (UER) não vete a participação de Israel.
O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, declarou que “não podemos permitir padrões duplos na cultura”, comparando a situação à exclusão da Rússia após a invasão da Ucrânia. Em Portugal, o vencedor da Eurovisão de 2017, Salvador Sobral, defendeu veementemente a exclusão, afirmando: “Desde que o genocídio é declarado, Israel não pode estar na Eurovisão a cantar canções de circo”. Paralelamente, a Rússia, banida da Eurovisão desde 2022, reativou a Intervisão, um concurso da era soviética.
A edição de 2025, vencida pelo Vietname, contou com a participação de 23 países, incluindo China e Brasil, e foi apresentada como uma alternativa que promove “valores tradicionais”.
O evento ficou ainda marcado pela desistência da representante dos Estados Unidos, que alegou “pressões políticas sem precedentes”.
Em resumoA controvérsia sobre a participação de Israel na Eurovisão ameaça a unidade do festival, com vários países a ponderar um boicote e Portugal a acautelar a sua posição. Em simultâneo, a Rússia aproveita o contexto geopolítico para relançar a Intervisão como uma plataforma cultural alternativa, evidenciando a crescente politização dos grandes eventos musicais internacionais.