A iniciativa, liderada pela associação Acreditar, tornou-se um exemplo de mobilização cívica viral, evidenciando as dificuldades financeiras e a inadequação dos subsídios atuais.

A campanha, que culminou com a entrega simbólica da carta no Dia do Cuidador, visa "corrigir as desigualdades e assegurar condições justas para quem cuida".

A petição destaca o "impacto profundo" que um diagnóstico de cancro pediátrico — cerca de 400 novos casos por ano em Portugal — tem nas famílias, que se veem confrontadas com "instabilidade financeira e com apoios sociais desajustados". Segundo um levantamento da Acreditar, o impacto financeiro médio mensal para estas famílias é de 655 euros, resultante da perda de rendimento e do aumento de despesas com tratamentos e deslocações. Atualmente, o subsídio de assistência a filho com cancro cobre apenas 65% do salário de um progenitor e tem um limite máximo de dois Indexantes de Apoios Sociais (IAS). Para combater esta realidade, a associação propõe quatro medidas concretas: o reforço do apoio financeiro para garantir 100% do rendimento do agregado familiar; a eliminação do teto máximo de pagamento; a autorização para que ambos os cuidadores possam usufruir da licença em simultâneo; e a dignificação do subsídio de funeral, atualmente fixado em 254,63 euros, um valor muito inferior ao de um adulto.

A diretora-geral da Acreditar, Margarida Cruz, sublinhou que "a assinatura expressiva da Carta Aberta (...) se traduz em mais uma manifestação de que ninguém vai sozinho, quando o cancro se mete no caminho". O elevado número de subscritores demonstra o sucesso da mobilização online e o consenso da sociedade civil quanto à urgência de rever os apoios, transformando uma causa social num fenómeno viral de solidariedade.