A situação veio a público através de Nivia Estevam, que se apresentou no Instagram como "mãe da criança de 9 anos que teve as pontas dos dedos amputados dentro da escola em Portugal".

Segundo o seu relato, "duas crianças fecharam a porta nos dedos do meu filho" quando este foi à casa de banho, impedindo-o de sair.

A mãe alega que este não foi um incidente isolado, tendo já feito queixas anteriores sobre "puxões de cabelo, pontapés e enforcamento" que não terão tido qualquer seguimento por parte da escola.

Após a denúncia online, o caso ganhou ampla cobertura mediática e motivou uma resposta institucional, com a Inspeção-Geral da Educação e o Agrupamento de Escolas de Souselo a abrirem processos de averiguação.

Várias organizações, como a SOS Racismo, a Plataforma Já Marchavas e a Queer Tropical, emitiram um comunicado conjunto, afirmando que "infelizmente este caso não é único" e que se têm multiplicado "casos de ‘bullying’, muitas vezes sob a forma de agressões, que têm como alvos preferenciais crianças migrantes e racializadas".

As associações exigem uma "resposta com celeridade às denúncias de violência nas escolas e reforço da educação para a cidadania".

A mãe da criança confessou sentir-se alvo de represálias na pequena localidade, o que a levou a mudar-se por "medo".

O caso ilustra como as redes sociais se tornaram uma ferramenta poderosa para cidadãos denunciarem situações graves, contornando canais institucionais que por vezes são percecionados como ineficazes, e forçando um debate público sobre problemas sistémicos como a violência escolar e a xenofobia.