A controvérsia levou à remoção da publicação e a um debate sobre a responsabilidade na comunicação em saúde pública.

A controvérsia teve início quando a DGS publicou nas suas plataformas digitais uma imagem, originalmente disponibilizada pela ONUSIDA, que exibia três pessoas negras com a mensagem "A Sida não acabou".

A escolha imagética gerou uma onda de indignação imediata, com numerosos utilizadores e figuras públicas a acusarem a autoridade de saúde de perpetuar narrativas estigmatizantes.

A deputada socialista Eva Cruzeiro descreveu a publicação como "profundamente problemática", afirmando que esta "reforça estereótipos raciais perigosos".

Na mesma linha, a deputada Isabel Moreira acusou o Governo de ter "interiorizado o vírus do racismo".

Perante a contestação, a DGS defendeu-se, esclarecendo que se limitou a traduzir e partilhar material de uma campanha global da ONU, rejeitando qualquer "discriminação seja por que motivo for".

No entanto, a publicação acabou por ser apagada e substituída pela versão original em inglês.

A justificação da DGS foi que a alteração visava "reforçar a perceção da mensagem e da sua origem", sempre "em pleno respeito pelos direitos humanos".

O episódio transcendeu a simples partilha de um cartaz, desencadeando um debate mais vasto sobre a sensibilidade e o rigor necessários na comunicação institucional, especialmente em campanhas de saúde pública dirigidas a toda a sociedade. A polémica evidenciou a importância de as entidades estatais combaterem preconceitos em vez de os reproduzirem, mesmo que inadvertidamente, e a necessidade de uma comunicação que represente a diversidade da população portuguesa sem associar doenças a grupos específicos.