A decisão da OMS representa uma mudança de paradigma, ao reconhecer formalmente a obesidade como uma doença crónica que exige cuidados contínuos. Nas palavras do diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a organização reconhece "finalmente de forma clara, que a obesidade é uma doença crónica".

A recomendação, classificada como "condicional", destina-se ao tratamento de longo prazo em adultos e visa orientar as políticas nacionais para um acesso mais universal e financeiramente suportável. A medida surge numa altura em que a popularidade destes medicamentos, inicialmente desenvolvidos para a diabetes tipo 2, disparou para a perda de peso, um fenómeno viral que gerou problemas de desabastecimento para doentes diabéticos em Portugal e noutros países. Em território nacional, estes fármacos apenas são comparticipados pelo Estado quando prescritos para a diabetes, o que não impediu o seu uso "off-label".

A situação levou o Infarmed a lançar, em janeiro, um vasto programa de auditorias para conter desvios na cadeia de distribuição.

Embora a recomendação da OMS não tenha força de lei, a sua autoridade moral coloca uma pressão acrescida sobre os decisores políticos para enfrentarem o dilema entre o potencial clínico destes tratamentos e as barreiras económicas que agravam as desigualdades no acesso à saúde.