A escolha, resultante de uma votação pública expressiva, demonstra como um evento disruptivo se pode transformar num símbolo cultural e linguístico que marcou o quotidiano dos portugueses. Com 41,5% dos votos, "apagão" destacou-se numa lista de dez finalistas, superando termos como "imigração" (22,2%) e "flotilha" (8%).
A palavra remete para a falha generalizada no fornecimento de energia elétrica ocorrida a 28 de abril, que deixou milhares de pessoas sem acesso a transportes, comunicações e serviços básicos.
Pela primeira vez, a iniciativa permitiu aos votantes justificar a sua escolha, e as respostas sublinharam a perceção do evento como um "acontecimento histórico" e o "momento mais marcante do ano".
As justificações revelaram uma dualidade na experiência vivida, que conjugou "incerteza e aflição" com uma inesperada "lição de vida" e a "possibilidade de desconectar" de um quotidiano hiperconectado.
A iniciativa da Porto Editora, já na sua 17.ª edição, funciona como um barómetro da sociedade, salientando "a riqueza da língua portuguesa, cuja criatividade e dinamismo permitem que as palavras ganhem novas dimensões".
A eleição de "apagão" sucede a termos como "liberdade" (2024), "guerra" (2022) e "pandemia" (2020), consolidando a tradição de escolher palavras que encapsulam os acontecimentos e as preocupações dominantes de cada ano.














