A campanha gerou um debate sobre a autenticidade na criação publicitária contemporânea.
A curta-metragem de animação conta a história de um lobo solitário, o "mal amado", que, para ser aceite pelos outros animais da floresta, aprende a cozinhar quiches vegetarianas. A narrativa, que revisita o arquétipo do "lobo mau", comoveu milhões de espectadores em todo o mundo, acumulando um número massivo de visualizações e sendo apelidada de "fenómeno planetário". Um dos aspetos mais destacados pela imprensa e nas redes sociais foi o facto de a produção ter sido realizada "sem recurso a IA", num processo que envolveu dezenas de artistas durante mais de seis meses. Este detalhe gerou um discurso secundário que celebra a obra como um ato de resistência à crescente automatização na indústria criativa. No entanto, um artigo de opinião argumenta que esta é uma "falsa questão", pois toda a criação contemporânea está, de alguma forma, inserida num ecossistema tecnológico. O verdadeiro mérito do anúncio, segundo a análise, reside na sua "inteligência narrativa" e na forma como se conecta a uma herança cultural partilhada, evocando as fábulas de La Fontaine e a canção popular "Le Mal Aimé" de Claude François (1974).
A campanha demonstra que, num cenário saturado de conteúdos gerados por algoritmos, uma história bem contada, com profundidade emocional e um apelo universal à aceitação, continua a ser a ferramenta mais poderosa para captar a atenção do público.













