
Médicos da Maternidade Bissaya Barreto alertam para sobrecarga devido a afluxo regional



A degradação das condições de trabalho e a falta de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) estão a provocar graves constrangimentos em diversas unidades hospitalares do país, com especial incidência nos serviços de obstetrícia e urgências. Na Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, dezasseis médicos do Serviço de Urgência de Obstetrícia B apresentaram uma escusa de responsabilidade, um ato apoiado pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM). Os clínicos denunciam uma "inaceitável degradação das condições de trabalho" e a consequente quebra na qualidade dos cuidados prestados. Apontam que o encerramento recorrente das urgências de obstetrícia em Leiria e Aveiro, sem o devido reforço das equipas em Coimbra, causa uma "sobrecarga insustentável" que eleva o risco de erro clínico.
Entre os problemas listados estão a falta quase diária de vagas para internamento, transferências desnecessárias entre serviços, e o encaminhamento de utentes pelo INEM e SNS 24 sem contacto prévio para verificação de capacidade, contrariando as normas. A FNAM já exigiu medidas urgentes à administração da Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra e responsabilizou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, pela degradação do SNS.
Os problemas estendem-se a outras regiões.
No Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, a urgência de cirurgia geral entrou em regime de contingência por "indisponibilidade temporária de recursos humanos médicos". Embora a Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho (ULSAR) garanta que a urgência geral se mantém aberta, a Comissão de Utentes alerta que os doentes estão a ser encaminhados para o Hospital Garcia de Orta, em Almada, e manifesta preocupação com o acumular de encerramentos que já afetaram serviços como ortopedia, cardiologia e obstetrícia.
As consequências desta crise sistémica são sentidas diretamente pela população, como ilustra o caso de um parto ocorrido numa ambulância no Alentejo.
Uma bebé nasceu durante o transporte de emergência entre Moura e o Hospital de Beja, tendo o parto sido assistido por bombeiros e equipas médicas.
A mãe e a criança foram encaminhadas para o hospital e encontram-se estáveis.
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