Inovação e Terror: A Dupla Face da Guerra de Drones na Ucrânia

A guerra na Ucrânia assiste a uma escalada no uso de veículos não tripulados, com as forças ucranianas a inovar com drones terrestres kamikaze, enquanto ataques aéreos russos continuam a ceifar dezenas de vidas civis.

As forças ucranianas utilizaram pela primeira vez um drone kamikaze terrestre em combate para neutralizar soldados russos na região de Lyman. A ação, levada a cabo pelo Terceiro Corpo de Exército da Ucrânia, ocorreu em resposta a tentativas de infiltração por parte de pequenos grupos de infantaria russos que procuravam penetrar as defesas ucranianas perto de Novoselivka. Imagens de drones registaram o momento em que um pequeno robô terrestre, controlado remotamente, se aproximou de um grupo de soldados russos e detonou. A explosão matou um soldado, feriu outro e forçou um terceiro a procurar abrigo, que foi subsequentemente eliminado por um drone FPV.

Segundo o operador, este sistema tinha sido até então empregue principalmente em missões de logística e evacuação médica.

Este desenvolvimento tático surge num contexto em que a Rússia tenta, há dois meses, romper as defesas ucranianas em frente a Novoselivka, uma posição estratégica.

Enquanto as forças russas dependem de infiltrações de infantaria, a Ucrânia recorre cada vez mais a sistemas automatizados para localizar e destruir tropas inimigas, minimizando o risco para os seus próprios soldados.

O ataque em Lyman foi uma operação multifásica realizada exclusivamente com drones, combinando vigilância aérea, drones FPV e o novo veículo terrestre não tripulado carregado de explosivos.

Os drones terrestres estão a tornar-se uma componente essencial nas operações da linha da frente ucraniana. Embora mais lentos e caros que os drones aéreos, são significativamente mais resistentes a interferências eletrónicas; em caso de perda de sinal, param e aguardam a retoma da comunicação, ao contrário dos drones aéreos, que caem.

A sua crescente utilização é também uma resposta à falta de pessoal, permitindo executar as tarefas mais perigosas.

Em contraste com esta inovação tática, os artigos relatam também o impacto devastador dos ataques russos.

Um bombardeamento com drones e mísseis na cidade de Ternopil, na terça-feira, causou pelo menos 25 mortos e dezenas de feridos. Outros ataques noturnos resultaram em pelo menos 26 mortos, mais de 140 feridos e cerca de 20 desaparecidos. Durante estes ataques, pelo menos dois edifícios de nove andares ficaram parcialmente destruídos.