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Mundo Sexta-feira, Agosto 8

Leão XIV: que a ameaça da destruição recíproca dê lugar ao diálogo

Oitenta anos após o bombardeamento atómico de Hiroshima, a busca por restos mortais de milhares de vítimas continua, enquanto o mundo se confronta com o ressurgimento da dissuasão nuclear e um movimento crescente pelo seu desarmamento.
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Oitenta anos após o bombardeamento atómico de Hiroshima, a 6 de agosto de 1945, a busca pelos restos mortais de milhares de vítimas continua. Na ilha de Ninoshima, para onde foram transportadas inúmeras vítimas, as operações de enterro foram caóticas, e hoje voluntários e investigadores, como Rebun Kayo, ainda procuram ossadas para proporcionar um encerramento às famílias. Até ao momento, Kayo encontrou cerca de 100 fragmentos de ossos, incluindo o maxilar de uma criança.

A bomba destruiu a cidade e, até ao final desse ano, causou 140.000 mortos.

O ataque a Nagasaki, três dias depois, elevou o número total de vítimas para mais de duzentos mil.

Sobreviventes como Tamiko Sora, que tinha 3 anos na altura, ainda são assombrados pelas memórias dos desaparecidos, reforçando a ideia de que, para muitos, “a guerra ainda não acabou”.

Passadas oito décadas, o legado de Hiroshima manifesta-se também na política internacional, marcada por uma contradição.

Por um lado, a dissuasão nuclear ganhou popularidade, impulsionada por conflitos como a guerra na Ucrânia e as tensões no Médio Oriente.

Nove Estados (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Coreia do Norte e Israel) possuem mais de doze mil armas nucleares e continuam a modernizar os seus arsenais, ignorando os compromissos de desarmamento do Tratado de Não-Proliferação (TNP). A França, por exemplo, tem um programa contínuo de modernização dos seus mísseis nucleares, previsto até 2035. Por outro lado, uma maioria de nações contesta esta visão de segurança.

Em 2017, 122 países adotaram na ONU o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPAN), que condena o seu uso, posse e a ameaça da sua utilização.

Este tratado promove uma “abordagem humanitária”, focada nas consequências catastróficas e na necessidade de assistir as vítimas e reabilitar zonas contaminadas, um conceito designado como “justiça nuclear”.

Esta coligação de Estados “desarmadores”, que inclui países como a África do Sul, México, Áustria e Irlanda, pressiona por um mundo livre de armas nucleares, argumentando que a dissuasão assenta em riscos inaceitáveis e que a paz não pode ser construída sobre a ameaça de extermínio em massa.

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