Saúde em Crise: O Embate entre a 'Incompetência' de Ventura e os 'Constrangimentos' de Montenegro



O debate quinzenal na Assembleia da República foi centrado na gestão da saúde, motivado por um tempo de espera superior a 18 horas na urgência do Hospital Amadora-Sintra.
André Ventura, líder do Chega, usou este caso para acusar o Governo de 'incompetência', descrevendo a situação no setor como uma 'brutal guerra civil'. O deputado apresentou dados para suportar a sua crítica, afirmando que um milhão e meio de pessoas não têm médico de família, que houve um aumento de 20% no número de doentes a aguardar por cirurgias fora do prazo e que mais de vinte mil utentes estão em fila para intervenções oncológicas. Ventura criticou ainda o que descreveu como um corte de 10% no apoio a exames e medicamentos. Em resposta, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu a existência de problemas, classificando o episódio no Amadora-Sintra como um 'pico' que poderá repetir-se. Reconheceu que 'houve constrangimentos' e que 'há constrangimentos', sublinhando que a resolução de questões estruturais não é possível 'de um dia para o outro'. Para contrariar a narrativa de falhanço, Montenegro apresentou dados governamentais, indicando uma redução global de 37% nos dias de encerramento de urgências entre janeiro e outubro de 2025 e uma diminuição de 16% no tempo médio de espera até agosto do mesmo ano. A réplica de Ventura foi imediata, afirmando que se estes picos se vão repetir, a causa é a 'incompetência' do executivo.
Montenegro defendeu a sua gestão, argumentando que o sistema conseguiu atribuir médico de família a mais de 305 mil utentes, embora o sistema tenha absorvido quase 259 mil novos utentes, o que explica a dimensão da lista de espera. Adicionalmente, realçou um aumento de 5,9% no total de cirurgias realizadas até outubro. O debate terminou com duas visões opostas e inconciliáveis: a de um sistema em falência, por um lado, e a de um caminho de melhoria gradual com dificuldades, por outro, sem que se chegasse a um consenso no hemiciclo.




