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Duplo Alerta da APAV: A Ética na Comunicação Social e o Aumento da Violência Filial

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apela à responsabilidade dos meios de comunicação na cobertura de crimes, ao mesmo tempo que alerta para um crescimento alarmante das agressões cometidas por filhos contra os pais.
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Na sequência de dois casos mediáticos de violência filial ocorridos em Portugal, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) emitiu um conjunto de recomendações dirigidas aos jornalistas, apelando à ética e à responsabilidade social na cobertura de crimes.

Cíntia Silva, criminóloga da APAV, sublinhou a necessidade de proteger a dignidade, a privacidade e a vontade das vítimas, evitando a sua vitimação secundária — que ocorre quando estas são forçadas a reviver o trauma.

A organização destaca que os órgãos de comunicação social têm um papel crucial na perceção social do crime e no sentimento de segurança da população.

A APAV defende que o julgamento social deve ser minimizado, uma vez que a justiça deve ser feita nos tribunais e não nas redes sociais ou nos media. As recomendações incluem o respeito pela vida privada das vítimas, mesmo quando estas decidem partilhar o seu testemunho, que deve ser sempre voluntário e recolhido em ambientes seguros.

É igualmente fundamental respeitar o princípio da presunção de inocência dos arguidos até à sentença transitada em julgado e evitar juízos de valor.

Paralelamente a este apelo, a associação revelou dados preocupantes sobre a violência filial.

Entre 2022 e 2024, a APAV registou mais de 2.800 pedidos de ajuda de pais agredidos pelos filhos, o que representa um aumento de 27,1% em comparação com o período anterior. Só em 2024, foram apoiadas 1.036 vítimas, sendo muitas situações enquadradas no crime de violência doméstica.

Embora a rede especializada Hope, criada em 2013, tenha registado apenas um caso de homicídio de pais por filhos, a tendência geral aponta para um crescimento da violência física e psicológica.

Entre os motivos apontados para este fenómeno estão conflitos financeiros, consumo de substâncias e perturbações mentais.

No caso dos agressores mais jovens, a exposição precoce à violência e à tecnologia são também considerados fatores de risco com impacto nestas situações.

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