Arte dos Barcos Moliceiros: Um Tesouro Cultural em Risco Reconhecido pela UNESCO



A decisão de incluir a arte dos barcos moliceiros na lista de salvaguarda urgente foi tomada durante a 20.ª sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, que decorreu em Nova Deli, na Índia. Esta foi a única nomeação portuguesa em votação nesta sessão do comité para as listas da UNESCO.
A necessidade de uma salvaguarda urgente é justificada pelo declínio acentuado da prática, que é considerada um pilar da identidade regional.
Atualmente, existem apenas cinco mestres construtores de moliceiros no ativo, dos quais quatro têm mais de 60 anos. O número de embarcações também diminuiu drasticamente: das três mil registadas na década de 1970, estima-se que restem pouco mais de 50, sendo que metade destas se destina à exploração turística.
A candidatura, promovida pela Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), já tinha levado à inscrição desta arte no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial em 2022.
Os barcos moliceiros são embarcações singulares, com um comprimento médio de 15 metros, fundo plano e pouco calado, o que lhes permite navegar em águas baixas.
A sua característica mais distintiva são as pinturas na popa e, especialmente, na proa, descrita pelo autor Jaime Vilar como a sua "parte monumental".
Estas pinturas incluem figuras e legendas únicas, classificadas como satíricas, humorísticas, eróticas, religiosas, românticas ou históricas.
Para reverter o risco de desaparecimento, a candidatura à UNESCO incluiu um plano de ação que contempla desde a sensibilização da comunidade escolar até à instalação de motores elétricos nas embarcações turísticas.
Com esta inscrição, Portugal passa a contar com 12 bens culturais reconhecidos pela UNESCO.
A arte dos moliceiros junta-se ao barro negro de Bisalhães e à manufatura de chocalhos na lista do Património Cultural Imaterial que Necessita de Salvaguarda Urgente.










