Zohran Mamdani: A Vitória Histórica do Autarca Muçulmano e Socialista que Desafia Nova Iorque

A eleição de Zohran Mamdani como novo 'mayor' de Nova Iorque marca um momento histórico para a cidade, trazendo um socialista democrata muçulmano para a liderança da capital financeira mundial e refletindo uma nova tendência política no Ocidente.

Zohran Mamdani, com 34 anos, foi eleito o 111.º 'mayor' de Nova Iorque, numa vitória histórica para a ala progressista do Partido Democrata.

Com 50,4% dos votos, superou o independente Andrew Cuomo, antigo governador do estado, numa eleição que registou a maior afluência às urnas desde 1969.

A sua eleição é marcada por vários pioneirismos: é a pessoa mais jovem a assumir o cargo no último século, o primeiro muçulmano e o primeiro cidadão de ascendência sul-asiática a liderar a cidade.

A sua campanha centrou-se na crise da habitação, um problema central para os nova-iorquinos.

Mamdani prometeu congelar as rendas de quase um milhão de casas de habitação social, numa altura em que o arrendamento médio atinge os 3.400 dólares e a taxa de desocupação se encontra no valor mais baixo de sempre (1,4%).

O seu programa inclui ainda o financiamento de transportes públicos gratuitos e o acesso universal a creches, medidas a serem suportadas por novos impostos sobre grandes empresas e os cidadãos com maiores rendimentos.

Adicionalmente, os eleitores aprovaram medidas para acelerar a construção de habitação a preços acessíveis.

Nascido no Uganda, filho da cineasta indiana Mira Nair e do académico Mahmood Mamdani, Zohran Mamdani é visto como um dos rostos mais radicais da esquerda do seu partido.

A sua vitória foi celebrada por outros autarcas muçulmanos, como Sadiq Khan de Londres, que afirmou que Nova Iorque escolheu "a esperança em vez do medo".

Esta eleição insere-se numa tendência de representatividade crescente em cidades ocidentais, com líderes muçulmanos também em Arnhem (Países Baixos), Catalunha (Espanha) e várias cidades britânicas.

No entanto, a sua ascensão gera ceticismo, com a comentadora Clara Ferreira Alves a destacar a sua inexperiência administrativa e a prever dificuldades de financiamento, considerando "surpreendente" a vitória de um muçulmano na cidade do 11 de setembro.