Médicos Sem Fronteiras alerta que entrave administrativo de Israel ameaça ajuda humanitária em Gaza



A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que a ajuda humanitária em Gaza e na Cisjordânia está em risco devido a novos requisitos de registo impostos por Israel, que ameaçam revogar a licença de ONG internacionais a partir de 1 de janeiro de 2026. As novas regras, introduzidas em março de 2025, permitem que o governo israelita recuse registos com base em critérios como a alegada “deslegitimação” do Estado, uma medida que mais de 100 organizações humanitárias classificaram como uma “nova ofensiva” contra o seu trabalho. A MSF considera que a potencial perda de acesso de organizações independentes a Gaza “será um desastre”, especialmente porque o sistema de saúde local está completamente destruído após dois anos de ofensiva militar. Pascale Coissard, coordenadora de emergência da MSF em Gaza, destacou que no último ano a organização tratou centenas de milhares de doentes e distribuiu milhões de litros de água. Os planos de investimento da MSF para 2026, entre 100 e 120 milhões de euros, estão agora em suspenso, e a sua saída deixaria grande parte da população sem acesso a cuidados médicos e água.
A organização afirma que continuará a procurar um “diálogo construtivo” com as autoridades israelitas.
A crise humanitária agrava-se num contexto de violência contínua, apesar do cessar-fogo de 10 de outubro.
Desde essa data, pelo menos 405 pessoas morreram e 1.115 ficaram feridas devido a ataques israelitas.
O Ministério da Saúde de Gaza alertou para uma escassez crítica de recursos, com os stocks de medicamentos e material médico reduzidos em 52% e 71%, respetivamente, e acusa Israel de permitir a entrada de menos de 30% da ajuda médica necessária. Simultaneamente, o governo israelita autorizou a criação de 19 novos colonatos na Cisjordânia, elevando o total para 210, o que ameaça a viabilidade de um futuro Estado palestiniano. Em resposta ao bloqueio, a Flotilha Global Sumud (GSF) anunciou uma nova iniciativa para 2026, com 100 navios e mais de 3.000 membros, incluindo mil profissionais de saúde.
O objetivo é estabelecer uma “presença civil sustentada” para ajudar a reconstruir infraestruturas, documentar violações de direitos humanos e desafiar o cerco israelita, após missões anteriores terem sido intercetadas.





















