Para lá da Medalha: Atletas Refugiadas no Parlamento Celebram o Desporto como Símbolo de Liberdade e Dignidade



As atletas Cindy Ngamba, pugilista natural dos Camarões, e Zakia Khudadadi, praticante de taekwondo do Afeganistão, foram aplaudidas de pé no Parlamento português após os seus discursos durante a cerimónia de entrega do Prémio Norte-Sul de 2024 do Conselho da Europa. O evento, que decorreu na Sala do Senado, contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, entre outras individualidades.
Ambas as atletas fizeram história nos Jogos de Paris, conquistando as primeiras medalhas de sempre para as equipas olímpica e paralímpica de refugiados, respetivamente. Cindy Ngamba, que obteve uma medalha de bronze, descreveu a enorme pressão que sentiu ao representar "muitos milhões de pessoas desalojadas", e apelou a que seja dada uma oportunidade aos refugiados para mostrarem as suas capacidades.
O discurso de Zakia Khudadadi foi igualmente comovente. A atleta, que obteve a nacionalidade francesa, destacou que o desporto é "sinónimo de liberdade e de dignidade, paz e igualdade", afirmando que a sua medalha de bronze foi um "momento símbolo para todas as mulheres afegãs", a quem o regime talibã impede de estudar e praticar desporto. O Prémio Norte-Sul de 2024 foi atribuído a Miguel Ángel Moratinos, subsecretário-geral das Nações Unidas, e à iniciativa que permite a participação de atletas refugiados nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
Durante a cerimónia, discursaram também representantes dos Comités Olímpico e Paralímpico Internacional, como Nawal El Moutawakel e Leila Marques, que reforçaram o papel do desporto como um direito fundamental e um poderoso fator de integração e combate à discriminação. No seu discurso de encerramento, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa elogiou as atletas por terem alcançado uma tripla vitória: "primeiro como atletas, depois como refugiadas e depois como seres humanos". O Chefe de Estado sublinhou que a participação de refugiados nos Jogos contribui para "construir a paz" e posicionou Portugal como um país de "humanismo, de universalismo" que acolhe todos como "irmãs e irmãos".











