A Dupla Face da IA na Banca Portuguesa: Eficiência vs. Responsabilidade

A crescente integração da Inteligência Artificial no setor bancário português promete maior eficiência e personalização, mas acende o alerta para novos riscos, como a exclusão financeira e a necessidade de uma rigorosa supervisão algorítmica.

Álvaro Santos Pereira, o novo governador do Banco de Portugal, alertou para os perigos associados ao uso de Inteligência Artificial (IA) na avaliação de crédito, durante o 10.º Fórum para a Supervisão Comportamental Bancária. O governador sublinhou que os algoritmos de avaliação de risco, se não forem devidamente controlados, podem conter enviesamentos que resultem na exclusão de certas camadas da população do acesso ao financiamento. Para Santos Pereira, estes modelos não podem ser "caixas negras", sendo imperativo que as instituições bancárias se responsabilizem pelo seu funcionamento, monitorizem os resultados de forma contínua e permitam a verificação por parte da entidade supervisora.

Na sua intervenção, o sucessor de Mário Centeno reconheceu os benefícios da transformação digital, como a personalização de produtos e a maior acessibilidade.

Contudo, insistiu que os bancos devem manter o cliente como foco principal, garantindo a sua capacidade financeira para evitar o sobre-endividamento.

O governador defendeu ainda uma atuação mais preventiva do que reativa por parte do Banco de Portugal, facilitada por um quadro regulamentar mais simples, e abordou a crescente sofisticação da fraude digital, propondo uma campanha de sensibilização abrangente.

Em paralelo com estas preocupações regulatórias, o setor avança na implementação destas tecnologias, como demonstra a liderança de Isabel Guerreiro no Santander Portugal, a primeira mulher a dirigir um grande banco no país. Com formação em engenharia informática, Guerreiro tem sido central na agenda digital do banco, promovendo a automação que permitiu, por exemplo, reduzir para metade o tempo médio de contratação de um crédito. A sua gestão impulsionou o aumento da base de clientes digitais e a renovação dos perfis de contratação, com maior foco em profissionais do setor digital. A trajetória de Isabel Guerreiro ilustra a aplicação prática da transformação digital que o governador do Banco de Portugal procura regular, evidenciando o equilíbrio necessário entre a inovação tecnológica e a proteção do consumidor para um sistema financeiro justo e transparente.

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