Safari de Snipers em Sarajevo: Investigação em Itália Reabre Feridas da Guerra da Bósnia



A reabertura de uma investigação em Itália sobre estrangeiros que teriam pago para disparar contra civis durante o cerco de Sarajevo reacendeu, três décadas depois, as memórias dolorosas de um dos episódios mais sombrios da guerra da Bósnia. As alegações de um “turismo de guerra”, em que cidadãos italianos ricos teriam participado numa “caça humana”, estão a ser investigadas pelo Ministério Público de Milão, na sequência de novas denúncias que reavivaram o caso. O cerco de Sarajevo, que durou de abril de 1992 a fevereiro de 1996, foi o mais longo da história moderna e resultou na morte de mais de 11.500 civis, incluindo centenas de crianças.
A cidade vivia sob o terror constante dos atiradores posicionados nas colinas, que transformaram a sua principal artéria na “Sniper Alley”.
Apesar da brutalidade, nenhum atirador foi responsabilizado individualmente nos tribunais internacionais.
As primeiras menções a um “Sniper Safari” surgiram a 1 de abril de 1995 no jornal bósnio Oslobodjenje, que relatava testemunhos sobre um oficial sérvio a oferecer a um jornalista a oportunidade de disparar contra civis, com uma alegada preferência por atingir crianças. Estas suspeitas foram corroboradas por Edin Subasic, um antigo oficial dos serviços secretos bósnios, que em 1993 interrogou um prisioneiro sérvio que descreveu a participação de italianos ricos nestas “caçadas”.
Na altura, a informação terá sido partilhada com as autoridades italianas, mas não resultou em qualquer investigação judicial.
O caso permaneceu adormecido durante décadas, até à exibição, em 2022, do documentário “Sarajevo Safari”, do realizador esloveno Miran Zupanic.
O filme levou a presidente da câmara de Sarajevo, Benjamina Karic, a apresentar queixa ao Ministério Público bósnio. Perante a falta de progressos visíveis, Karic contactou o jornalista italiano Ezio Gavazzeni, o que culminou na abertura da investigação em Milão em agosto de 2025. Embora poucos detalhes tenham sido divulgados, a cidade de Sarajevo prometeu não desistir de procurar justiça.










