Camboja propõe Kuala Lumpur para negociações de paz com a Tailândia por razões de segurança



O governo do Camboja propôs formalmente à Tailândia que as negociações de paz agendadas para quarta-feira decorram em Kuala Lumpur, capital da Malásia.
Numa carta dirigida ao seu homólogo tailandês, Nattaphon Narkphanit, o ministro da Defesa cambojano, Tea Seiha, justificou o pedido com a necessidade de garantir a segurança dos participantes, sublinhando que o encontro deve ocorrer num "local seguro e neutro" devido aos combates que continuam ativos na fronteira comum.
A Malásia, que detém a presidência rotativa da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), já terá concordado em acolher as conversações. Esta proposta surge em contraponto ao plano inicial da Tailândia, anunciado pelo chefe da diplomacia, Sihasak Phuangketkeow, que previa a realização dos encontros na província tailandesa de Chanthaburi, no âmbito de um comité fronteiriço já existente. A porta-voz do Ministério da Defesa cambojano, Maly Socheata, confirmou a continuação das hostilidades, que se reacenderam a 7 de dezembro.
O conflito tem origem num diferendo histórico sobre a demarcação da fronteira de aproximadamente 820 quilómetros, estabelecida durante o período colonial francês.
Desde o reinício dos combates, os balanços oficiais mais recentes indicam pelo menos 44 mortos — 23 do lado tailandês e 21 do lado cambojano.
Além disso, mais de 900 mil pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas em ambos os países. Os esforços diplomáticos intensificaram-se na última semana, com a China a assumir um papel de mediadora através do seu enviado especial para os assuntos asiáticos, Deng Xijun, que se reuniu com líderes de ambos os países.
As negociações diretas foram acordadas após uma reunião da ASEAN na Malásia.
No entanto, a desconfiança persiste, com a Tailândia a advertir que "um cessar-fogo não se conquista com um anúncio, mas com ações" e a exigir que o Camboja intensifique a remoção de minas terrestres.
Um acordo anterior, mediado pelos Estados Unidos em outubro, foi suspenso após soldados tailandeses terem sido feridos por uma mina terrestre, um incidente que Banguecoque atribuiu a Phnom Penh.
















