Carneiro assume “princípio de diálogo” com o Governo. Habitação e lei laboral entre as divergências

O antigo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, apelou ao surgimento de uma candidatura presidencial que represente a “esquerda democrática” e “parte significativa do PS”, de modo a opor-se firmemente à ascensão da extrema-direita. O destacado membro do PS lamentou a ausência de tal candidatura até ao final de julho e sugeriu que personalidades que já recusaram, como Sampaio da Nóvoa, deveriam rever a sua posição, sem querer personalizar noutros nomes como Mário Centeno. Ferro Rodrigues defende que esta candidatura deve também intervir na crise de confiança na União Europeia e comprometer-se com o reconhecimento do Estado palestiniano. Atualmente, à esquerda, já se apresentaram como candidatos António José Seguro (PS) e António Filipe (apoiado pelo PCP).

No que diz respeito à relação com o atual executivo, o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, afirmou, após uma reunião com o primeiro-ministro, que existe um “princípio de acordo para o diálogo” com o Governo da AD em matérias de consenso nacional, como política externa, defesa e justiça. Contudo, Carneiro demarcou uma “oposição firme” em áreas de divergência, nomeadamente habitação, legislação laboral e resposta ao aumento do custo de vida.

No plano autárquico, o PS enfrenta cenários distintos. Em Miranda do Douro, o candidato socialista à presidência da Câmara, Jocelino Bragança Rodrigues, retirou a sua candidatura por não conseguir constituir “um executivo municipal jovem e forte”. Em sentido inverso, em Vale de Cambra, o PS anunciou Nelson Martins como candidato à autarquia para as eleições de 2025. Martins, que já foi vereador, apresenta-se como alternativa ao CDS/PP, que governa o concelho há 12 anos.

Noutras notícias da vida política local, a reunião da Câmara Municipal de Coruche foi adiada por falta de quórum, um facto inédito na memória do presidente Francisco Oliveira. Em Coimbra, Carlos Pinto foi anunciado como o candidato do PSD à União das Freguesias. Fora da esfera partidária, o Governo e os sindicatos de enfermeiros retomarão em setembro as negociações para o primeiro Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) do setor, com foco na organização do tempo de trabalho.