Inspeção-Geral da Saúde investiga pai e filho dermatologistas por faturação milionária em Castelo Branco



A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) está a investigar dois médicos dermatologistas do Hospital Amato Lusitano, em Castelo Branco, por alegado uso abusivo do mecanismo de produção cirúrgica adicional.
Em causa estão José Mendes Gil e o seu filho, Francisco Saraiva Gil, que terão faturado mais de 1,5 milhões de euros entre 2022 e 2023.
A investigação, que segundo a IGAS foi despoletada pelos "valores envolvidos", procura determinar se foram cumpridos todos os critérios legais.
Francisco Saraiva Gil, que desde 2024 é o único dermatologista do hospital, terá faturado, num só ano, mais de 900 mil euros. Este caso surge na sequência de uma polémica semelhante no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, envolvendo o dermatologista Miguel Alpalhão, que recebeu mais de 700 mil euros em três anos através do mesmo mecanismo. Um relatório da IGAS concluiu que Alpalhão propôs, aprovou e codificou as suas próprias cirurgias mais de 350 vezes, além de ter operado familiares sem a referenciação obrigatória, faturando mais de 5.500 euros por esses procedimentos. Após a divulgação do caso, Alpalhão devolveu o dinheiro relativo às cirurgias consideradas irregulares e demitiu-se, alegando ser alvo de um tratamento "humilhante, degradante e persecutório" por parte da administração do hospital.
O seu caso foi enviado ao Ministério Público.
A produção cirúrgica adicional é um regime criado no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC) que permite a realização de operações fora do horário normal de trabalho para reduzir as listas de espera. No entanto, o mecanismo tem sido alvo de críticas por se ter tornado uma prática sistemática em vez de excecional. Segundo a IGAS, em 70% das Unidades Locais de Saúde, as cirurgias adicionais já representam mais de 30% da atividade total.











