Encruzilhada Energética: Entre a Promessa Climática e a Sede por Petróleo



A transição energética global enfrenta um momento de profunda contradição, marcado pelo debate na COP30 sobre a exploração de petróleo na Amazónia e por uma revisão das previsões energéticas mundiais. A eurodeputada Catarina Martins, presente na conferência no Brasil, criticou a possibilidade de serem emitidas novas licenças de prospeção na Amazónia, considerando-a uma violação do compromisso assumido na COP do Dubai para a redução do uso de combustíveis fósseis. Representando a esquerda europeia, Martins defendeu a necessidade de uma cooperação internacional robusta, com mecanismos de financiamento que apoiem países como o Brasil a prescindir das receitas do petróleo em prol da preservação ambiental. A eurodeputada sublinhou ainda a importância de ouvir e proteger os povos indígenas, que estão na linha da frente da defesa da floresta, e criticou a União Europeia por não fazer o suficiente para apoiar esta transição, chegando a financiar projetos com impactos ambientais negativos.
Em paralelo com este debate político, a Agência Internacional de Energia (IEA) alterou as suas projeções, alinhando-se com uma visão de maior consumo de petróleo. Contrariando a sua previsão anterior de um pico de consumo em 2030, a IEA apresenta agora um cenário em que a procura continua a crescer até 2050, atingindo 113 mil milhões de barris diários.
Esta mudança, que surge após pressões dos EUA, o maior contribuinte da agência, baseia-se no crescimento dos setores petroquímico e da aviação e numa desaceleração na venda de carros elétricos.
Embora a IEA mantenha um cenário alternativo com o pico em 2030, a nova projeção reflete as incertezas políticas e económicas atuais.
Apesar dos cenários divergentes, a agência continua a prever um aumento da temperatura global de 1,5 graus até 2050.
No contexto da descarbonização, surgem propostas a nível nacional para enfrentar o desafio.
Em Portugal, é discutida a criação de corredores logísticos intermodais, nomeadamente entre Lisboa e Porto, para aumentar a quota do transporte ferroviário de mercadorias. A ideia, alinhada com a estratégia Portos 5+, visa otimizar as infraestruturas existentes para criar um sistema de transporte mais eficiente e sustentável, reduzindo as emissões de CO2, o congestionamento e a sinistralidade associados ao transporte rodoviário. Esta abordagem integrada e digitalizada é apresentada como uma solução concreta para contribuir para as metas europeias de descarbonização.















