Estratégia Dupla da UE: A Luta da Europa Automóvel Contra a Ascensão Chinesa



Perante um aumento de mais de 90% nas vendas de automóveis de fabricantes chineses na Europa nos primeiros nove meses do ano, a União Europeia (UE) intensifica os seus esforços para proteger a indústria automóvel local.
As pesadas tarifas impostas desde o final do ano passado sobre os veículos elétricos (VE) importados da China, que podem superar os 45%, não surtiram o efeito desejado.
Os construtores chineses contornaram as medidas focando-se na venda de modelos híbridos e a combustão, que estão sujeitos a uma taxa padrão de 10%, e mantendo preços competitivos nos seus elétricos. Neste contexto, a UE e a China retomaram as negociações para encontrar uma solução, como a implementação de um preço mínimo para os VE chineses, embora uma proposta anterior já tenha sido rejeitada por Bruxelas. Paralelamente, a Comissão Europeia está a desenvolver uma nova estratégia para impulsionar a produção interna: a criação de uma categoria especial de carros elétricos pequenos, produzidos na Europa. Informalmente apelidada de “Sejournette”, esta categoria, inspirada nos “Kei cars” japoneses, abrangeria veículos até um peso máximo em negociação (cerca de 1,5 toneladas) e concederia benefícios significativos. Entre os privilégios contam-se o acesso a estacionamento preferencial e infraestruturas de carregamento, subsídios mais generosos e uma isenção de dez anos de novas regulamentações, incluindo as normas de segurança e emissões Euro 7. O objetivo é reduzir os custos de produção e fortalecer a competitividade europeia no segmento de carros compactos, onde ainda detém uma vantagem.
Esta proposta, no entanto, gera reações diversas na indústria.
Enquanto fabricantes como a Stellantis e a Renault apoiam a iniciativa e pressionam para incluir modelos já existentes como o Citroën ë-C3 e o Renault Twingo, outros gigantes como a BMW e a Honda manifestam preocupação.
O CEO da BMW, Oliver Zipse, alertou que as regras de fornecimento local podem ser “muito perigosas”, arriscando perturbar as cadeias de abastecimento e excluir a Europa da inovação.
Por outro lado, os fabricantes de componentes europeus defendem que estas metas são cruciais para a sua sobrevivência. A iniciativa insere-se numa revisão mais ampla do plano da UE para proibir os motores de combustão em 2035, com debates a decorrer sobre a possibilidade de permitir híbridos plug-in ou e-combustíveis por mais tempo.











