Portugal Acelera na Gestão da Água: Investimentos Milionários e Reutilização como Resposta à Escassez



O Algarve está na vanguarda do investimento na gestão hídrica, com o Programa Regional ALGARVE 2030 a receber 25 candidaturas que totalizam mais de 100 milhões de euros. Estes projetos, cofinanciados a 60% pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), visam intervenções estratégicas como a redução de perdas nas redes, a reabilitação de infraestruturas, a prevenção da intrusão salina e a expansão das redes de saneamento. Os investimentos estão alinhados com a meta europeia de aumento de 10% na eficiência hídrica até 2030 e contam com o apoio do Fundo Ambiental para a contrapartida nacional em projetos específicos.
A reutilização de Água para Reutilização (ApR) emerge como uma solução crucial.
Um marco importante foi o licenciamento concedido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) à Águas Públicas da Serra da Estrela para a produção de ApR na ETAR da Folgosa do Salvador.
Esta autorização, detida por um número restrito de entidades em Portugal, permite que a água residual tratada seja utilizada de forma segura em atividades industriais, lavagem de ruas e rega de espaços verdes, constituindo uma alternativa à captação de água nos meios naturais. Apesar destes avanços, a reutilização de água em Portugal ainda é incipiente, com apenas 1,1% dos efluentes a serem reaproveitados.
António Cunha, CEO da Aquapor, aponta como exemplo um projeto na Arábia Saudita que reutiliza 100% do efluente tratado, sugerindo que modelos semelhantes poderiam ser aplicados em polos industriais como o de Sines.
Para massificar esta prática, defende a criação de incentivos financeiros para tornar a ApR mais competitiva, a simplificação dos processos regulamentares e a adaptação das infraestruturas existentes.
A transição hídrica do país exige uma abordagem integrada que vai além da reutilização.
É fundamental modernizar as infraestruturas para combater o desperdício, já que cerca de um terço da água é perdida nas redes de abastecimento.
Soluções como a dessalinização são também consideradas parte de uma estratégia mais ampla.
A colaboração entre entidades públicas e privadas é vista como essencial para partilhar conhecimento e otimizar a implementação de projetos inovadores que garantam a resiliência hídrica de Portugal.
















