Microbiologia Portuguesa em Foco: Da Descoberta de uma Bactéria Terapêutica à Premiação de Carreiras de Excelência



Uma equipa de cientistas do Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular anunciou a descoberta acidental de uma bactéria que ajuda a recuperar a microbiota intestinal, reduz a inflamação e impede infeções.
A investigação, conduzida em ratinhos e publicada na Nature Communications, identificou uma estirpe inofensiva do grupo 'Klebsiella pneumoniae', designada 'Klebsiella sp.
ARO112' em honra da doutoranda Ana Rita Oliveira.
Esta bactéria demonstrou ser capaz de colonizar intestinos com microbiota desequilibrada, como após o uso de antibióticos, e bloquear agentes patogénicos como a 'Salmonella' e estirpes de 'Escherichia coli'.
Os estudos revelaram que a 'ARO112' permitiu que os ratinhos recuperassem mais rapidamente da infeção e vissem a inflamação intestinal reduzida significativamente.
A presença da bactéria no intestino é temporária, desaparecendo à medida que a microbiota saudável se restabelece.
Os cientistas destacam a sua segurança, notando que não forma biofilmes nem adquire facilmente genes de resistência a antibióticos.
Esta descoberta abre portas para o desenvolvimento de novos probióticos terapêuticos que poderão ser administrados com antibióticos ou como alternativa a transplantes fecais.
Contudo, são necessários mais estudos para confirmar a sua prevalência e eficácia em humanos.
Paralelamente, o mérito da investigação portuguesa foi reconhecido com a distinção de dois professores da Universidade do Minho (UMinho). No congresso “Microbiotec’25”, Nelson Lima foi galardoado com o Prémio Nicolau van Uden, pela Sociedade Portuguesa de Microbiologia, e José António Teixeira recebeu o Prémio Júlio Maggiolly Novais, da Sociedade Portuguesa de Biotecnologia.
Ambos os investigadores do Centro de Engenharia Biológica foram premiados pelos seus contributos significativos para as respetivas áreas.
Nelson Lima é o primeiro português a presidir a Federação Mundial de Coleções de Culturas Microbianas, enquanto José António Teixeira se encontra no top 2% dos cientistas mais citados do mundo, sendo uma referência em biotecnologia.











