Plano Europeu de Habitação: A Resposta de Bruxelas a uma Crise de Acessibilidade que Ameaça as Cidades



Perante a escalada dos preços da habitação em toda a União Europeia (UE), a Comissão Europeia apresentou o Plano Europeu para a Habitação Acessível. A iniciativa, apresentada em Estrasburgo, visa complementar as políticas nacionais, regionais e locais, embora a habitação continue a ser uma competência dos Estados-membros.
O plano surge em resposta a um apelo dos chefes de Estado e de Governo da UE e a uma crescente pressão política para enfrentar uma crise que afeta o bem-estar social e as decisões de vida de milhões de europeus, especialmente os jovens. O pacote de medidas assenta numa abordagem coordenada e inclui várias frentes de ação. Prevê a mobilização de financiamento, nomeadamente através do orçamento da UE e do Banco Europeu de Investimento, e uma revisão das regras de auxílios estatais para permitir que os países invistam em habitação acessível. Uma das propostas mais destacadas é a criação de uma iniciativa legal para impor limites ao alojamento local de curta duração, cujo crescimento exponencial tem reduzido a oferta de habitação para residentes.
O plano inclui ainda um novo programa Bauhaus europeu e uma nova estratégia para a construção habitacional.
A crise é sustentada por dados alarmantes.
Desde 2015, os preços das casas na UE aumentaram, em média, entre 58% e 60%, com alguns países a registar subidas superiores a 200%, como a Hungria (237%), ou de dois dígitos, como Portugal (147%).
Atualmente, a habitação representa quase um quinto do rendimento médio das famílias, e um em cada dez residentes urbanos gasta mais de 40% do seu rendimento em alojamento.
Lisboa surge como um dos casos mais críticos, onde a proporção entre o salário médio e a renda atinge os 116%.
Em algumas cidades, o alojamento local chega a representar 20% do parque habitacional.
As cidades europeias, através de organizações como a Eurocities, esperam que o plano europeu remova obstáculos e ajude a alargar soluções já existentes.
As principais reivindicações incluem um financiamento da UE mais flexível e direto para os municípios, a reforma das regras de auxílio estatal para tratar o investimento em habitação como um ativo estratégico e um enquadramento legal que permita regular o investimento especulativo. Bruxelas estima que seja necessário um investimento anual de 300 mil milhões de euros para colmatar o défice habitacional no espaço comunitário.



















