Moradores de Marvão não têm acesso a jornais diários há vários anos

Há pelo menos três anos que os habitantes do concelho de Marvão, no distrito de Portalegre, não conseguem comprar um jornal diário. Os últimos postos de venda encerraram, obrigando quem deseja ler a imprensa nacional a deslocar-se cerca de 14 quilómetros até ao concelho vizinho de Castelo de Vide. Esta ausência de imprensa diária é sentida como mais um fator de isolamento, afetando particularmente a população mais envelhecida, que prefere o formato em papel e muitas vezes não tem acesso à internet ou literacia digital, conforme aponta a comerciante Catarina Bucho Machado. Em contraste com a dificuldade em encontrar jornais, os jogos sociais, como as 'raspadinhas', estão disponíveis em pelo menos quatro estabelecimentos no concelho, segundo a funcionária de um café local, Ana Margarida Batista.

A falta de acesso levou a uma mudança de hábitos.

Residentes como Dionísio Batista Gomes e Gonçalo Lobo admitem ter perdido o costume de ler jornais em papel, recorrendo agora à internet para se manterem informados.

No entanto, reconhecem que esta solução não abrange todos, especialmente os mais velhos que, sem jornais e sem acesso online, ficam privados de informação.

Em resposta ao problema, a Câmara Municipal de Marvão planeia disponibilizar jornais e revistas em espaços municipais, como a Casa da Cultura, a partir de 2026, assumindo os custos de transporte, segundo o vice-presidente Luís Costa.

Adicionalmente, a Biblioteca Itinerante do concelho deverá oferecer acesso digital a publicações periódicas.

A situação de Marvão poderá, em breve, deixar de ser um caso isolado. A Vasp, empresa responsável pela distribuição de publicações, admitiu estar a avaliar ajustamentos na entrega diária de jornais em oito distritos do interior, incluindo Portalegre, o que ameaça alargar o problema a uma vasta zona do país.