COP30: A Corrida Contra o Tempo em Belém Entre a Urgência Climática e as Divisões Políticas



A conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas, COP30, a decorrer em Belém, no Brasil, enfrenta uma semana decisiva, marcada por apelos para acelerar as negociações e superar os impasses entre os países. O secretário executivo da ONU para as alterações climáticas, Simon Stiell, instou os ministros a abandonarem os “atrasos táticos” e a focarem-se em obter resultados, sublinhando que “o tempo da diplomacia teatral acabou”.
Nesse sentido, a presidência brasileira da conferência publicou uma primeira versão de um acordo, na tentativa de pressionar os negociadores a alcançarem um consenso. Um dos temas mais delicados em discussão é a criação de um roteiro para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, uma meta mencionada pela primeira vez na COP28.
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, manifestou o desejo de que esta questão fosse uma das principais conclusões da cimeira.
O primeiro rascunho do acordo propõe a criação de uma “mesa redonda ministerial” para apoiar os países nesta transição. Paralelamente, a Colômbia apresentou a “Declaração de Belém sobre o abandono dos combustíveis fósseis”, uma iniciativa que, apesar de apoiada por dezenas de países, não contou com a adesão de Portugal.
A ministra do Ambiente portuguesa, Maria da Graça Carvalho, afirmou que o país aguarda que a proposta entre no “circuito formal da negociação” através da presidência da COP, indicando que há uma “intenção para andar depressa”. No entanto, persistem profundas divisões que bloqueiam o progresso.
Além dos combustíveis fósseis, três grandes impasses foram identificados.
O primeiro envolve a China, a Índia e outros aliados, que se opõem a barreiras comerciais unilaterais, visando a taxa de carbono da União Europeia.
O segundo contrapõe os Estados insulares e países europeus, que exigem compromissos climáticos mais ambiciosos, a grandes economias como a China e a Arábia Saudita, que resistem a essa pressão. Por fim, a terceira questão prende-se com a exigência de muitos países do Sul, especialmente os africanos, de que os países desenvolvidos cumpram e aumentem o financiamento para a ação climática.










