COP30 em Ponto de Viragem: A Luta por um 'Roteiro' Concreto para o Fim dos Fósseis e da Desflorestação



A 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), realizada em Belém, na Amazónia brasileira, está a ser marcada por intensas negociações para definir um plano concreto para o futuro do planeta.
A principal proposta, impulsionada pelo Presidente brasileiro Lula da Silva, é a criação de um "roteiro" para o abandono progressivo dos combustíveis fósseis, colmatando uma lacuna deixada pela COP28 no Dubai. A urgência das discussões levou ao regresso de Lula da Silva e do secretário-geral da ONU, António Guterres, a Belém, para pressionar os delegados a alcançar um consenso antes do encerramento da conferência.
A União Europeia manifestou o seu apoio à meta de abandonar os combustíveis fósseis, embora admita dificuldades com a palavra "roteiro".
O comissário europeu do clima, Wopke Hoerkstra, e a eurodeputada Lídia Pereira, afirmaram que a UE já possui uma trajetória clara para a neutralidade carbónica até 2050 e que o mais importante é o resultado final e a implementação do acordo, independentemente da terminologia exata utilizada, seja "roteiro" ou "plano de ação". Para a delegação europeia, o essencial é que se chegue a um acordo que seja depois respeitado por todas as partes.
Paralelamente à discussão sobre os combustíveis fósseis, organizações ambientalistas como a WWF e a Greenpeace apelam à adoção de um roteiro específico para acabar com a desflorestação e reverter essa tendência até 2030.
Aproveitando a localização da cimeira na Amazónia e a "presença histórica" de povos indígenas, as ONG sublinham que não é possível cumprir o Acordo de Paris sem ações ambiciosas para proteger as florestas, que se aproximam de pontos de inflexão irreversíveis. A presidência da COP30, liderada pelo Brasil, está a tentar acelerar o processo, com a promessa de apresentar um rascunho de texto próximo do final.
Entre as questões em debate estão o endurecimento dos planos climáticos nacionais, o financiamento para a adaptação e a eliminação gradual dos fósseis.
Uma proposta paralela, a "Declaração de Belém sobre o abandono dos combustíveis fósseis", foi apresentada pela Colômbia, mas alguns países, como Portugal, aguardam que a iniciativa parta formalmente da presidência da conferência para ser integrada nas negociações oficiais.


















