COP30: Entre o Apelo à Vontade Política e a Ciência Silenciosa que Mapeia o Futuro



A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), a decorrer em Belém, no Brasil, é o palco de um apelo veemente por uma ação climática decisiva. Numa mensagem em vídeo, o Papa Leão XIV alertou que a "janela está a fechar-se" para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C, conforme estabelecido no Acordo de Paris. O pontífice sublinhou que o fracasso não reside no acordo em si, mas na falta de "vontade política de alguns" para o implementar. Leão XIV destacou o sofrimento dos mais vulneráveis, afirmando que uma em cada três pessoas já vive em grande vulnerabilidade devido a fenómenos como cheias, secas e ondas de calor implacáveis, e que ignorá-las é "negar a nossa humanidade partilhada". O Papa apelou à união entre "cientistas, lideranças e pastores de todas as nações e credos", pedindo ações concretas que resultem em sistemas económicos mais justos e estáveis.
Em Belém, vários cardeais e responsáveis católicos juntaram-se a uma marcha de povos indígenas, que se sentem excluídos das decisões da cimeira. Em resposta a estas movimentações, a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, anunciou que o governo irá demarcar dez novas terras indígenas.
Paralelamente a estes debates políticos e sociais, existe uma dimensão tecnológica fundamental que raramente entra na esfera pública.
Por detrás das manchetes da COP e dos relatórios do IPCC, existe um trabalho científico silencioso, mas crucial, baseado em simulações climáticas.
Supercomputadores e modelos matemáticos complexos traduzem sistemas interdependentes de oceanos, atmosfera e ecossistemas em projeções que permitem quantificar riscos e antecipar cenários.
Este trabalho não se limita a prever a temperatura média global, sendo essencial para projetar fenómenos extremos e preparar infraestruturas, como barragens e linhas férreas, para o futuro.
Além das simulações, a investigação experimental recria os impactos do clima em laboratório.
Equipamentos como câmaras climáticas expõem plantas a condições de seca ou a atmosferas ricas em dióxido de carbono para testar o futuro da agricultura, e avaliam a resistência de materiais de construção a calor intenso ou radiação. Apesar de pouco visível, esta ciência já reduziu as incertezas de forma inequívoca.
A mensagem é clara: a ciência cumpriu a sua parte, cabendo agora à política e à sociedade transformar as projeções em ações concretas para o planeta.

















