A Dupla Face da Pressão Americana: Escalada Militar e Sinais de Negociação na Crise Venezuelana



A Administração Trump intensificou a pressão sobre a Venezuela através de uma dupla estratégia que combina uma forte demonstração de força militar com a reabertura discreta de canais de comunicação. No Caribe, os EUA posicionaram uma das maiores frotas das últimas décadas, liderada pelo porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior do mundo, envolvendo cerca de 10.000 soldados.
Oficialmente, a missão visa combater o narcotráfico, mas a sua dimensão sugere objetivos mais amplos.
No âmbito desta operação, as forças americanas já afundaram cerca de 21 embarcações, resultando em 83 mortos em ações descritas como extrajudiciais contra alegados narcotraficantes.
Paralelamente à escalada militar, Donald Trump autorizou um plano para operações secretas da CIA em território venezuelano, que poderão incluir sabotagem, ciberataques ou operações de informação, embora não tenha sido tomada uma decisão final sobre a sua implementação.
A pressão política inclui ainda a oferta de uma recompensa de 50 milhões de dólares pela captura de Nicolás Maduro, acusado de liderar o Cartel dos Sóis, que Washington planeia classificar como organização terrorista. Esta classificação abriria caminho a uma ação militar sem necessidade de aprovação prévia do Congresso.
O Partido Comunista Português (PCP) condenou estas “ações belicistas”, acusando os EUA de procurarem saquear os recursos venezuelanos e deplorando o “silêncio do Governo português”.
Apesar da retórica agressiva, a Casa Branca mantém uma abordagem ambígua.
Trump admitiu publicamente a possibilidade de negociar com Maduro, que se mostrou recetivo a um encontro “cara a cara”. Segundo analistas, esta tática de “extremar para depois negociar” é semelhante à utilizada com a Coreia do Norte, visando forçar a saída de Maduro através da pressão máxima. As negociações indiretas terão levado Maduro a sinalizar que poderia deixar o poder em troca de certas condições, como o acesso de empresas americanas ao petróleo venezuelano. Em Caracas, a resposta do regime oscila entre apelos à resistência e à “serenidade”, com Maduro a colocar as Forças Armadas em alerta máximo e a reforçar a vigilância interna através da criação de 260.000 células de militantes.















